O Poder do Entre: Reflexões sobre o Fórum Entre Mulheres Empreendedoras 2025
- Caese Brasil

- 13 de fev.
- 3 min de leitura
Foi uma honra ter mediado o primeiro encontro do Fórum Entre Mulheres Empreendedoras de 2025, e quero deixar aqui um apanhado de minha participação para que mais mulheres possam alcançar o sonho de empreender.
No encontro, compartilhamos momentos especiais, comemos, fotografamos e, mais importante, fizemos algo essencial para os negócios: conexões. Tive a honra de mediar um momento crucial para quem realmente deseja fazer a diferença no mundo: a aprendizagem. No primeiro dia do Fórum, mediei um debate com a Consultora de Imagem Ana Géssica, a Diretora de Criação Clo Kronenberger e a Jornalista Ana Garmendia sobre como cuidar da nossa imagem e adequá-la ao país de Coco Chanel.
De Cleópatra à Rainha de Sabá, de Ester a Grace Kelly, a estratégia de se vestir sempre foi um instrumento poderoso. E aqui não me refiro apenas às roupas, mas ao significado dos trajes ao longo da história. Eles serviram como símbolos de poder, vulnerabilidade, estratégia e transformação. Pensemos, por exemplo, em Michelle Obama – sua forma de se vestir nunca foi apenas estética, mas também uma mensagem clara sobre força, sofisticação e acessibilidade, moldando sua imagem como uma líder inspiradora no cenário global.
As intervenientes falaram sobre trajes de poder e discutimos estereótipos e modelos icônicos, incluindo aqueles expostos no Louvre.
Na minha fala, ressaltei ícones femininos na França que são referência para mim, como minha cunhada, Madame Stefania Giannini, da UNESCO, Madame Laurence des Cars, do Louvre, e Madame Macron, destacando como elas, assim como tantas outras mulheres graciosas – sem echarpes Louis Vuitton ou bolsas Gucci – me ensinaram que a verdadeira mulher francesa não se fantasia. Ela se veste.
Contei sobre minha experiência com mulheres de todo o mundo em espaços de poder e sobre como aprendi que um terno pode ser uma armadura importante. No Brasil, fui dona de centenas de pares de sapatos e bolsas de todas as cores. Mas, ao chegar à França, aprendi a carregar uma sacolinha sustentável ao lado da minha bolsa e a não sair de salto pela manhã, mas sim à noite. Porque essa é a regra da parisiense: de dia, a bolsa é grande e o salto é pequeno; de noite, a bolsa é pequena e o salto é grande. Foi muito enriquecedor contar com a experiência das três mediadoras, que trouxeram exemplos reais de como as parisienses se vestem.
Quando cheguei à França, escrevi crônicas sobre mulheres parisienses e, logo nos primeiros meses, compreendi que um convite para um coquetel não é para comer nem para fotografar, mas para encontrar pessoas com quem poderei conversar e, quem sabe, fotografar em outro momento. Aprendi que tirar uma foto com alguém não é sinônimo de poder. Mas ser convidada por alguém e se vestir à altura da ocasião é um verdadeiro sinal de poder. Quem mais importa nem sempre está nas fotos.
Quando Patrícia Lima e Fernanda Afonso compartilharam suas experiências, trazendo realidades distintas – Fernanda atuando em ambientes extremamente masculinizados e Patrícia em espaços marcados pelo estereótipo do “chique francês” –, a conversa se aprofundou ainda mais.
Eu fiz questão de não encerrar o encontro sem deixar uma mensagem de Fernando Pessoa:
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
Tenho consciência de que mulheres que empreendem em países europeus enfrentam grandes sacrifícios. Poderia listar muitos: filhos, marido, falta de apoio, tempo... Sei também que, por trás de um sorriso posado para a foto, pode haver um silêncio profundo, um momento de incerteza – um fio tênue entre dar um passo para trás ou se lançar em um espaço onde, por enquanto, só se tem um pé firme.
Empreender, sobretudo em um país onde o empreendedorismo não faz parte da cultura comum, é um ato de coragem. E digo isso como alguém que dirige um centro no Cluster Paris-Saclay, o ambiente mais inovador da França. Mas disse algo no qual acredito profundamente: você pode pular.

Não porque haverá alguém segurando uma rede para te aparar. Mas porque, quando você pular, descobrirá que tem asas.
E por falar em poder, prestem atenção ao nome que nos reúne hoje: Entre.
Esse nome não foi escolhido por acaso. Vivemos entre – entre culturas, entre desafios, entre sonhos e realidades. Entre empreender e resistir. Entre cair e levantar. Entre ser invisível e ocupar espaços. O "entre" é o nosso campo de batalha, mas também o nosso espaço de construção.
Estar entre significa que não estamos sozinhas, que nos apoiamos e nos fortalecemos umas às outras. E, juntas, o que está entre deixa de ser dúvida e se transforma em possibilidade.
Espero encontrar as leitoras deste texto no próximo Fórum, em abril, que também mediarei. Até lá, desejo que cada uma continue voando para horizontes possíveis.








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